buffon em londres

Relatos esporádicos de uma existência em Londres

Wednesday, January 13, 2010

Novos amigos

A B fez amizade com uma menina que podia ser o reflexo no espelho. Branquinha, cabelos escuros encaracolados, olhos claros. Chama-se Ava. Já se zangaram também. E são outra vez amigas.

Labels: ,

Caiu outra vez neve

Já estamos fartos disto. Os autocarros andam cheios, escorregamos na rua, não recolhem a reciclagem, está frio. Alguém ligue o aquecimento global outra vez. E desligue quando já não for preciso.

Wednesday, January 06, 2010

First day

Primeiro dia de escola para B. Estava toda contente a caminhar pela neve. Crunchy crunchy! A escola mandou sms a avisar que estava aberta. Mas já lá estávamos. Não vi choros. Mas também não fiquei muito tempo.

Labels: , ,

Thursday, January 25, 2007

Nevou nas traseiras da nossa casa


O carteiro

O nosso carteiro é simpático. Todos os dias trocamos um "Good morning" e um sorriso quando saímos de manhã e o encontramos a meio da sua volta pelo bairro. O carteiro vem muito cedo, muitas vezes antes das sete da manhã. Damos por ele porque o cão da vizinha ladra. Bem, na verdade o cão ladra até se uma folha cair. Mas se o ladrar for acompanhado pelo som de um carrinho, o portão a abrir, as cartas a caírem no chão e o portão a fechar, então é o carteiro. Mas o mais simpático deste carteiro é que já nos conhecemos. Todos os dias lhe dizemos bom dia. Esta semana foi ainda mais simpático porque passou e deixou uma carta registada sem pedir a assinatura requerida. Quando o encontrei mais tarde, ele desculpou-se. Mas eu até agradeci. Sair da cama às seis e meia para assinar uma carta do meu senhorio seria duro. Por isso é que eu digo que o carteiro é simpático.

Resoluções para 2007

Actualizar o blog todos os dias. Ou quase todos os dias. Pelo menos todos os meses. Ok, de vez em quando. Pronto, pelo menos não fechar.

Wednesday, December 20, 2006

Parabéns, senhor Jacinto

Hoje faz anos o senhor Jacinto. Eu não sei bem quantos faz, mas acho que já passou os 65. O senhor Jacinto é mecânico de máquinas pesadas e, pelo porte, quase acreditamos que poderia levantá-las sozinho. A verdade não estará longe: as mãos dele sobram quando aperta a minha e só pela voz seria capaz de fazer saltar um camião. Ao senhor Jacinto pesam menos os anos e mais as mazelas da vida. Pais severos, infância difícil, ofícios rudes e um retorno forçado à metrópole, deixando para trás haveres e décadas de ventura, fincaram-lhe traços visíveis na cara e nos olhos exagerados pelos óculos. Há quatro anos, um disparo mal medido, seguido de outro assarapantado, enfiaram-lhe uns tantos chumbos na pele. O alvo, ao meio das pernas, não poderia ter sido mais delicado. O senhor Jacinto, que em Angola só fazia pontaria à caça grossa, foi desta vez a presa. Felizmente, sobreviveu, inteiro e viril. E nem o chumbo nos ditos o deitou abaixo. O senhor Jacinto é um herói para muita gente, a começar pelos netos. Três gerações diferentes pediram ao Pai Natal as retroescavadoras, as gruas e os cilindros que viram na garagem do avô. Eles não têm melhor amigo, colo e consolo. Mas também estremecem quando a voz trovoa de zangada. O senhor Jacinto é um poço de experiência e sabedoria e uma enciclopédia de histórias reais, como aquela em que viu uma lula de 30 toneladas. Sobra-lhe para a pesca a paciência que não tem para comer o que apanha no anzol. E esbanja no vinho e no tabaco a saúde que ainda tem para gastar. Mas a sua maior felicidade é ver nos outros um sorriso. Como este que temos hoje ao desejar-lhe: conte muitos!

Friday, December 15, 2006

DOCES DE NATAL

Neste blog não se publicam receitas, mas fazem-se sugestões visuais. A tradição de família dita que a aletria seja decorada com desenhos em canela, de preferência variados e não repetidos. Não precisam de ser originais. A verdadeira arte está na aletria, que deve estar doce, mas não demasiado. Se no caminho para a boca cair um pouco de molho, melhor. Esse é o sinal de perfeição.

Tuesday, November 28, 2006

OUTONOS



Friday, November 24, 2006

VENENO

Parece-me que o governo britânico fez o mais lógico: um tipo morreu alegadamente envenenado devido a uma misteriosa substância que pode ser radioactiva. O mais importante agora é ser dada informação sanitária sobre venenos e assegurar o público. O facto de o falecido ser um ex-agente secreto soviético, crítico de Vladimir Putin e de outros dirigentes russos, é pouco relevante, a não ser para aqueles que fazem campanha contra Putin. Mas, claro, uma conspiração dos serviços secretos ex-KGB é mais empolgante. Ainda por cima em plena campanha do novo filme 007. Mais uma acha para os teóricos da conspiração?

BBC

De tanto gostar da BBC, não posso deixar de odiá-la pelos defeitos que tantas vezes mostra, especialmente no canal de informação. Nesta semana ocupou-se com fervor na cobertura do estado de saúde do ex-espião Alexander Litvinenko [que morreu hoje], mas a certa altura sentiu-se na obrigação de dizer que "haviam alguns rumores" sobre a origem do envenenamento. Ora, se houveram rumores, foi porque a BBC - e outros canais - não se cansaram de os transmitir e repetir todos os quartos de hora. Primeiro era tálio, depois tálio radioactivo e agora já não é nada disso, é uma substância desconhecida. Mas hoje reconciliei-me com a BBC, ao ver um jornalista no Iraque minutos depois de ser noticiado mais um atentado no país. O apresentadorem Londres pediu-lhe uma reacção ao atentado. "- Eu não tenho essa informação", responde, impávido [e, na minha opinião, chateado por estar a fazer o milésimo directo do dia]. Claro, o tipo está em Bagdad, porque é que saberia de imediato e como poderia comentar o que se passou a dezenas de quilómetros? Falou, sim, do que se estava a passar em Bagdad, como lhe competia. Optou pelo rigor e não pela especulação.

BALADAS


Nos intervalos da chuva e do frio, os Highbury Fields continuam a ser o nosso território preferido para sair. O Outono está em plena marcha e nas manhãs ventosas os caminhos estão alcatifados de folhas amarelas, laranjas e castanhas. Podemos pisá-las e reconhecer o som de caracóis esmagados. Também gostamos de chutá-las e desfazer o trabalho de quem as varreu para a beira do trilho.